Updated on novembro 16th, 2024
União de Facto em Portugal
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ToggleA união de facto em Portugal é uma realidade cada vez mais comum na sociedade do país.
Trata-se de uma situação em que duas pessoas, independentemente do sexo, vivem juntas em condições análogas às dos cônjuges, sem estarem casadas.
Compreender o conceito de união de facto é fundamental para aqueles que optam por esta forma de união, bem como para a sociedade em geral.
Ao longo dos anos, o reconhecimento legal da união de facto tem evoluído significativamente e a Lei n.º 7/2001, de 11 de maio, estabeleceu as medidas de proteção das uniões de facto, marcando um importante passo na regulamentação desta forma de união.
O que é a União de Facto?
A união de facto refere-se à convivência entre duas pessoas em uma relação afetiva contínua e estável, semelhante ao casamento, mas sem os mesmos procedimentos formais.
A principal legislação que regulamenta a união de facto em Portugal é a Lei n.º 7/2001, de 11 de maio, que estabelece medidas de proteção às uniões de facto e reconhece direitos aos parceiros em determinadas circunstâncias.
Diferença entre União de Facto e Casamento
O casamento é definido legalmente como um contrato celebrado entre duas pessoas que pretendem constituir família mediante uma plena comunhão de vida. Por outro lado, a união de facto não requer formalidades legais para sua constituição.
Embora existam semelhanças, os direitos e deveres dos parceiros em união de facto diferem dos cônjuges em alguns aspectos. Por exemplo, os parceiros em união de facto não têm direito à herança um do outro, a menos que exista testamento.
A união de facto oferece maior flexibilidade, enquanto o casamento proporciona maior proteção legal em certas situações.
Embora ambas as formas de união compartilhem semelhanças, como a convivência estável, existem diferenças significativas:
1. Reconhecimento Legal:
O casamento é formalizado por meio de um contrato civil ou religioso, enquanto a união de facto não exige registro formal.
A união de facto é reconhecida apenas mediante prova de coabitação por pelo menos dois anos.
2. Direitos Sucessórios:
No casamento, os cônjuges têm direitos sucessórios automáticos.
Na união de facto, os parceiros não são herdeiros legítimos, a menos que exista um testamento.
3. Regime de Bens:
O casamento pode ter regimes de bens pré-estabelecidos (comunhão, separação ou participação final nos bens).
Na união de facto, não há regime de bens; cada parceiro mantém os bens adquiridos em seu nome.
4. Flexibilidade:
A união de facto oferece maior liberdade, enquanto o casamento proporciona maior segurança jurídica e patrimonial.
Requisitos para Reconhecimento da União de Facto
Para que uma união de facto seja reconhecida legalmente em Portugal, é necessário que os parceiros vivam juntos há pelo menos dois anos. A prova de coabitação pode ser feita através de diversos documentos, como contas conjuntas, contratos de arrendamento ou testemunhos.
É importante ressaltar que não existe um “registo” formal da união de facto. O reconhecimento ocorre quando é necessário exercer algum direito decorrente desta situação.
Direitos e Deveres dos Parceiros
Os parceiros em união de facto têm direitos patrimoniais, como a proteção da casa de morada de família em caso de ruptura ou morte. No entanto, não existe um regime de bens como no casamento.
Em termos sucessórios, os membros da união de facto não são herdeiros legítimos um do outro. Contudo, têm direito a permanecer na casa de morada de família por um período após a morte do parceiro.
Quanto aos benefícios sociais, os parceiros têm direito à pensão de sobrevivência em caso de morte do companheiro, desde que a união tenha durado pelo menos dois anos.
Então, a união de facto garante alguns direitos importantes:
1. Pensão de Sobrevivência: Em caso de morte de um parceiro, o sobrevivente tem direito à pensão, desde que a união tenha durado pelo menos dois anos.
2. Proteção da Casa de Morada: O parceiro sobrevivente tem direito de permanecer na casa de morada da família por um período após o falecimento do companheiro.
3. Benefícios Sociais: Parceiros em união de facto têm acesso a benefícios sociais, como subsídios familiares ou apoio em situações de desemprego.
4. Responsabilidade Patrimonial: Cada parceiro mantém a propriedade dos bens adquiridos individualmente, mas podem ser reconhecidas contribuições para o patrimônio comum.
Implicações Legais União de Facto
O reconhecimento da união de facto pode variar entre diferentes jurisdições. Em Portugal, a Lei n.º 7/2001 estabelece os direitos dos unidos de facto, mas é importante notar que estes direitos podem não ser reconhecidos em outros países.
A união de facto difere de outras formas de união, como o casamento ou a simples coabitação, principalmente no que diz respeito aos direitos e obrigações legais dos parceiros.
Filhos e Herdeiros
Em relação aos filhos, a união de facto não apresenta diferenças significativas em comparação com o casamento. Ambos os pais têm responsabilidades parentais iguais, incluindo guarda e educação dos filhos.
Os filhos nascidos em união de facto têm os mesmos direitos que os filhos nascidos dentro do casamento, incluindo direitos sucessórios.
Dissolução da União de Facto
A dissolução da união de facto ocorre com a separação dos parceiros ou com a morte de um deles. Não é necessário um processo formal de separação, como no divórcio.
Em caso de separação, a partilha de bens pode ser complexa, especialmente se não houver acordo entre as partes. Cada um tem direito aos bens que adquiriu, mas podem existir compensações por contribuições para o património comum.
Benefícios e Desvantagens
A união de facto oferece maior flexibilidade e liberdade aos parceiros, sem as formalidades legais do casamento. No entanto, isso também significa menor proteção legal em algumas situações, como na sucessão.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2021, cerca de 9% dos casais em Portugal viviam em união de facto, demonstrando a crescente aceitação desta forma de união.
Casos Práticos e Exemplos
Um exemplo prático de reconhecimento da união de facto ocorre quando um parceiro solicita a pensão de sobrevivência após a morte do companheiro. Nestes casos, é necessário comprovar a existência da união de facto perante a Segurança Social.
Em casos de disputa legal, os tribunais portugueses têm reconhecido cada vez mais os direitos dos unidos de facto, especialmente em questões relacionadas à casa de morada de família e à proteção do parceiro economicamente mais vulnerável.
Conclusão
A união de facto é uma realidade cada vez mais presente na sociedade portuguesa, oferecendo uma alternativa ao casamento tradicional. Embora não tenha todas as proteções legais do casamento, proporciona uma forma de união que se adapta às necessidades de muitos casais.
É fundamental que os casais em união de facto estejam cientes dos seus direitos e deveres, bem como das implicações legais desta forma de união. Recomenda-se que busquem aconselhamento jurídico para proteger seus interesses e os de seus filhos, especialmente em questões patrimoniais e sucessórias.
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